Oswaldo Viveiros Montenegro nasceu em 15 de março de 1956, no
Grajaú, Rio de Janeiro, filho mais velho de quatro irmãos. Sempre adorou ler e
devorava coleções de Júlio Verne, Monteiro Lobato, Malba Tahan.
Aos 7 anos mudou-se para São João Del Rey, Minas Gerais, onde
passou boa parte da infância. O espírito seresteiro de Minas influenciou toda a
vida de Oswaldo. À noite, pulava a janela de casa para acompanhar amigos de seu
pai em serestas noturnas para namoradas. Apaixonado por essa música tão viva e
presente em seu dia a dia começou, aos 8 anos, a estudar violão com um desses
seresteiros e compôs sua primeira canção, "Lenheiro", nome do rio que corta a
cidade.
Aos 13 anos, já de volta ao Rio de Janeiro, venceu seu primeiro
festival, com a "Canção Pra Ninar Irmã Pequena", música que mais tarde gravaria
na trilha do vídeo "O Vale Encantado", com o título "Canção Pra Ninar Gente
Pequena”. Em 1971, mudou-se com a família para Brasília, cidade que viria a
adotar e que é tema constante em sua obra. Foi nessa cidade que Oswaldo conheceu
e manteve estreito contato com a família Prista Tavares, da qual fazia parte o
Maestro Otávio Maul. Essa foi uma influência decisiva. Através deles, entra em
contato com a música erudita. Apaixonado, assiste a concertos, conhece obras,
passa noites conversando, se interessa pela técnica e teoria musicais. Estuda
muito sozinho, lendo sem parar obras que caem em suas mãos sobre Música,
História da Música, grandes compositores.
Aos 14 anos, ainda em Brasília, começou a participar com
freqüência dos festivais da cidade. Conhece, então, amigos e parceiros que o
acompanhariam pela vida a fora como José Alexandre, Raimundo Marques, Ulysses
Machado, Madalena Salles. Começa a fazer shows e a escrever arranjos para suas
músicas.
Em 1972 teve a música "Automóvel" classificada no último
Festival Internacional da Canção, da Globo. Apresenta-se, assim, pela primeira
vez, num festival de vulto nacional. Chegou a cursar duas Faculdades,
Comunicação e Música, ambas incompletas.
Em 1974, em parceira com o amigo de infância e parceiro Mongol,
escreveu sua primeira peça musical, "João sem Nome", encenada
em 1975, no Teatro Martins Pena, de Brasília. Em 1976, o espetáculo é
reencenado, dirigido dessa vez por Hugo Rodas, coreógrafo uruguaio que viria a
ter grande influência no trabalho de teatro de Oswaldo. Essa segunda montagem é
apresentada no Rio de Janeiro, onde é assistida pelo renomado crítico de teatro
Yan Mishalsky, que compara o grupo aos antigos menestréis que, na Idade Média,
sobre uma carroça, corriam de cidade em cidade, apenas com seus instrumentos,
suas vestes e sua voz, para contar e cantar histórias para platéias, nas praças.
Mishalsky chama o grupo de
"Os Novos Menestréis", título que acompanharia
Oswaldo por muito tempo.
Em 1975, assinou seu 1º contrato com uma gravadora - a Som
Livre - lançando seu primeiro compacto, "Sem Mandamentos".
Em 1976, a convite de Hermínio Belo de Carvalho, Oswaldo fez,
ao lado de Marlui Miranda e Vital Lima, o 1º show de artistas desconhecidos da
série "Seis e Meia", no Rio de Janeiro. Volta, então, a morar no Rio, onde
continua a fazer shows quase que ininterruptos. Ainda encantado com o teatro,
continua a escrever espetáculos musicais, paralelamente aos shows, passando
agora a dirigi-los.
Em 1977, lançou seu primeiro LP, "Trilhas",
independente, a convite e produzido por Frank Justo Acker.
No ano seguinte, foi convidado a gravar pela WEA seu 1º LP por
uma gravadora - "Poeta Maldito, Moleque Vadio".
"Trilhas foi um disco que não podemos considerar exatamente um
lançamento. Tínhamos 20 anos e estávamos em temporada no Teatro da Aliança
Francesa da Tijuca, no Rio. O Franque Justo Arquer, que é técnico de som,
colocou aquele gravador enorme e deixou rodando. Ficamos a madrugada toda
tocando; eu, Madá, Amadeu Salles na clarineta, Alan no baixo acústico e Mongol
no violão. O disco não teve nem mixagem, foi gravado direto. Foram feitas 300
cópias, vendidas num musical que estávamos fazendo. Infelizmente não existe a
master disso e o disco absolutamente se perdeu. O Trilhas tem o poema Metade que
mais tarde regravei no disco Ao Vivo.”
"Fui então, convidado a gravar pela WEA. Gravei Poeta
Maldito.... Moleque Vadio. Produzido por Gastão Dalamoni, foi um disco que
fizemos com orquestra, um disco com um certa tendência conservadora e muito MPB.
Eu escrevi 3 ou 4 arranjos e Luis Cláudio Ramos escreveu os outros. A música
mais conhecida deste disco foi Léo e Bia, porém a música que as pessoas mais
pedem é Sem puder sem medo, que depois entrou em algumas peças minhas, mas que
nunca regravei. Minha canção favorita deste disco é Quem Havia de Dizer. Tem
também Fruta Orvalhada que eu gosto muito e regravei depois no álbum Branco.
Poeta foi um disco que quase não vendeu, o que fez com que a gravadora pensasse
em me dispensar. Foi até interessante, porque eu tinha composto Bandolins e
inscrito e classificado a música no festival da extinta TV TUPI. Eu estava com a
moral tão baixa na gravadora, que ganhei só metade de um compacto, ficando o
outro lado com um compositor chamado João Boa Morte, que também havia sido
classificado no festival."
Em 1979, estourou no festival da extinta TV Tupi, com a música
"Bandolins", em 3º lugar. No ano seguinte, ganhou o 1º lugar no festival da
Globo MPB-80 com "Agonia", de Mongol. A partir daí, faz excursões nacionais,
toca em grandes teatros, entra na mídia. O patamar de Oswaldo muda. Ainda em 80,
lança seu 2º disco pela WEA - "Oswaldo Montenegro", alcançando,
com este, seu primeiro disco de ouro.
"O disco que veio a seguir, Oswaldo Montenegro, incluiu
Bandolins. O disco que a maioria das pessoas identificam como sendo a minha
cara, talvez por ter feito bastante sucesso. Não sei se sinto isso. Tem uma
citação do Mário Quintana onde ele fala que "as pessoas pensam que são fases e
na verdade são faces". Então, essa minha fase deste disco, foi e é identificada
como minha verdadeira face. Não sei se é assim. Este disco tem uma coisa
interessante: um lirismo agressivo. Esse lirismo é um dos lados do meu trabalho
que mais provoca rejeição, ou seja, junto com o sucesso, veio também a rejeição.
Minhas canções favoritas deste disco são Bandolins e Por Brilho; essa a que eu
mais gosto de todas as minhas músicas.
Compus Por Brilho no
dia em que eu me separei da Madá. Tínhamos 20 anos, nos separamos e nos tornamos
grandes amigos; isso já faz mais de 20 anos."
Em 1981, lança seu 3º LP pela WEA - "Asa de
Luz". Sempre ansioso e insatisfeito, ele se inquieta com aquele
repentino sucesso. Abandona tudo e vai para Brasília onde, acompanhado de
Mongol, José Alexandre e Madalena Salles, monta um espetáculo musical -
"Veja Você, Brasília" - com artistas da própria
cidade. Foram mais de 500 testes, 60 artistas aprovados e 60 chamadas, por dia,
na televisão. Trabalharam durante 6 meses.
Em abril de 82, estreou no teatro
Villa-Lobos, com casa superlotada, durante toda a temporada de 15 dias.
Nesse elenco, estavam os ainda desconhecidos Cássia Eller,
Zélia Duncan e Marcelo Saback.
"Asa de Luz, foi um disco que contou com o mesmo
produtor, Liminha e praticamente os mesmos músicos. Porém a história, o espírito
era outro, era tudo muito mais triste. Me dei muito mal com o ano de 1980. A
explosão foi muito grande, a rejeição também. São duas coisas muito fáceis para
se dar mal e eu tive as duas ao mesmo tempo. É difícil, você se confunde demais.
Essa confusão me levou a largar tudo e ir morar numa aldeia com pescadores em
Saquarema. Fiquei lá 4 meses e não queria voltar. Foi nesse lugar que compus as
músicas do disco, numa espécie de procura religiosa. Tamanha insatisfação, me
fez ter aquela humildade vaidosa de querer abandonar tudo, mas no fundo, fazia
aquilo porque a rejeição me doía. Aí me chamaram para gravar esse disco, onde na
capa meu cabelo aparece bem mais claro, e a cara preta, devido ao sol de
Saquarema. Eu estava muito chato e talvez até um pouco desequilibrado nessa
época. 16 anos depois mandei um recado, na verdade um beijo para o Liminha, pela
compreensão comigo durante a gravação. Finalizado o Asa de Luz, eu me senti pior
ainda, porque o disco não teve nem a rejeição, nem a explosão do anterior. Me
senti deslocado e resolvi parar com tudo. Foi aí que o pessoal da gravadora me
chamou, com toda a razão, para rompermos o contrato. E fizemos tudo
amigavelmente. Apesar de tudo, esse é um disco que eu gosto muito, um dos meus
favoritos."
Em 82, Oswaldo e seus companheiros foram para Belo Horizonte,
onde realizaram o mesmo projeto - testes e montagem de um espetáculo,
"Cristal", com artistas da cidade. O disco do espetáculo, com o
mesmo título deste, foi gravado com o elenco e lançado, no ano seguinte, pela
Polygram. Em Belo Horizonte, Oswaldo conheceu a bailarina Marjorie Quast e
escreveu para o grupo de dança de sua escola - Núcleo Artístico de BH - o balé
"A Dança dos Signos". Marjorie montou este espetáculo, que seria o primeiro dos
muitos trabalhos que os dois realizariam juntos.
Depois seguiram para Curitiba, onde também fizeram testes para
um outro espetáculo, mas a montagem, nessa cidade, não foi concretizada.
"Estava em Belo Horizonte com Madá, Mongol, José Alexandre, meu
irmão Deto, Cláudia Gama, Raimundo Lima e Eduardo Costa, para montarmos o
espetáculo teatral Cristal. Na época, corríamos cidade e montávamos em cada uma
delas um espetáculo com elenco local. O elenco de BH era muito talentoso e lá,
com o elenco do espetáculo, gravamos o disco Cristal. Entramos num estúdio com
60 pessoas e gravamos de primeira todas as músicas, com todos cantando ao mesmo
tempo. É um disco com uma sonoridade extremamente suja."
"Ainda em 82, escrevi para o Núcleo Artístico de Belo
Horizonte, A Dança dos Signos. Nessa época, Roberto Menescal era diretor
artístico da Polygram e comprou os direitos do Cristal. Arquivou o projeto e
lançou o disco A Dança dos Signos, com doze canções do ballet, cada uma sobre um
signo do zodíaco."
De volta ao Rio, novos testes para nova montagem teatral, dessa
vez a versão para musical do, até então balé, "A Dança dos
Signos". "A Dança dos Signos" tornou-se o primeiro estouro em teatro de
Oswaldo. A temporada prevista de um mês, no Rio de Janeiro, se estendeu ali por
3 anos ininterruptos e por 10 anos, entre excursões e novos elencos.
Assim, foi interrompido o projeto de montagem em cidades
diferentes, com elenco de cada cidade.
"Passamos um ano viajando como nômades, e então voltamos para o
Rio onde montamos o espetáculo teatral A Dança dos Signos, na verdade uma
brincadeira sobre os signos, sem nenhuma intenção séria ou mística com o
zodíaco. Foi uma loucura pois chegamos a mais de um milhão de espectadores no
Rio, ficando 10 anos em cartaz pelo país. Uma surpresa agradável. Porém o disco
foi muito mal. Na verdade, ele ficou muito aquém da peça e da brincadeira com o
zodíaco, pois parece sério. Cristal foi lançado posteriormente."
"Léo e Bia", outra peça musical de sua autoria
e direção, estreou em 1984, com Isabela Garcia e Tereza Seiblitz no elenco.
Ainda em 84, faz a trilha e a direção musical do monólogo "Brincando em cima
daquilo", com Marília Pêra. Faz, também, a trilha de "Casal Aberto, Ma Non
Troppo",
com Herson Capri.
Em 1985, participa de outro Festival da TV Globo, com a música
"O Condor", lançada em disco pela Polygram. No palco, um coro de 25 negros o
acompanha. Ainda em 85, lança, pela Polygram, o disco mix "Drops de Hortelã",
simultaneamente à temporada do show solo do mesmo nome.
O disco conta com a
participação de Glória Pires.
"Em 1984 fiz Brincando em cima daquilo, com a Marília Pêra e
gravamos o compacto homônimo, um disco com 4 músicas, onde aparece a primeira
gravação de Lua e Flor, cantado pela própria Marília."
"Em 1985 participei do Festival dos Festivais com Condor. Fiz
essa música para a peça homônima de Ana Maria Nunes, dirigida por Miguel
Falabella, que não chegou a estrear, sobre Castro Alves. Por isso, no festival
cantei com o coral de negros, uma alusão ao tema da peça."
Uma das maiores características de Oswaldo é o prazer de
conhecer pessoas, andar sozinho por cidades, lugares desconhecidos, batendo papo
com um, com outro, entrando num bar e conversando com as pessoas de uma mesa,
levantando-se para ir à outra mesa, a outro bar, ver novas pessoas... Dessas
andanças, muitas pessoas permaneceram em sua vida ou em sua carreira, como, por
exemplo, Milton Guedes. Oswaldo perambulava por Brasília quando, entrando num
bar, ouviu um sax maravilhoso. Esperou o show acabar e foi falar com o menino de
18 anos que acabara de ouvir:
- Como é seu nome?
- Milton.
- Prazer, Milton. Você
gostaria de ir pro Rio trabalhar num espetáculo que estou montando?
- Claro,
Oswaldo, adoraria! Quando isso?
- Amanhã de manhã.
- Amanhã de manhã!?!
Mas já são 3 horas da manhã!
- Então! Dá tempo pra você ir em casa fazer a
mala.
No dia seguinte, ambos desembarcaram no Rio e, do Aeroporto,
seguiram direto pro ensaio de "Os Menestréis". Foi mais um
espetáculo de sucesso. O disco do espetáculo, gravado com a participação do
próprio elenco, foi lançado na mesma época.
"Em 1986, resolvi gravar o disco com a trilha de Os Menestréis,
com essa coisa de colocar todo mundo no estúdio e sair gravando. É um disco mal
gravado. Nesse disco gravei uma versão com outro nome, de uma música que depois
ficaria bastante conhecida: Taxímetro."
Terminada a temporada de "Os Menestréis", no
Rio, Oswaldo percorreu algumas cidades, fazendo testes para seu próximo
espetáculo, "A Aldeia dos Ventos". De Brasília, trouxe Robespierre Simões; de
Florianópolis, Deborah Blando; do Rio, Lui Coimbra. Milton Guedes, Vanessa
Barum, Tereza Seiblitz, Adriana Maciel, que já haviam feito outros espetáculos e
participaram dessa nova montagem. O espetáculo estreou em 87, tendo sido
lançado, independentemente, o disco do mesmo nome. Este, porém, não teve a
participação do elenco, mas sim de grandes nomes como: Ney Matogrosso,
Gonzaguinha, Sivuca, Zizi Possi, Glória Pires, Lucinha Lins. Excursionando pelo
Brasil durante o ano de 88, em algumas apresentações contou com as participações
de Ana Botafogo e Glória Pires.
"Em 1987 fiz Aldeia dos Ventos, um disco também trilha de peça.
Nele realizei um sonho. Sempre quis separar minha vida de cantor com a de
compositor, e nesse disco consegui. Cantei apenas uma música. Cantaram Zizi
Possi, Ney Matogrosso, Gonzaguinha, Lucinha Lins, José Alexandre, Glória Pires,
entre outros. Gosto muito desse disco."
Em 1989, Oswaldo escreveu, junto com seu parceiro Raimundo
Costa, o musical "Mayã, uma idéia de paz". O espetáculo foi
montado, no mesmo ano, apenas com dança, com a narração em off. Como
protagonista, a ainda bailarina Tereza Seiblitz. No elenco, estavam Vanessa
Barum, Deto Montenegro, o bailarino Sebastian, hoje conhecido como Sebastian da
C&A, e outros. Neste espetáculo, Oswaldo ficou apenas na direção.
Ainda em 89, lançou o CD "Oswaldo Montenegro ao
vivo", pela Som Livre, com a música "Lua e Flor", canção-tema do
personagem principal da novela "O Salvador da Pátria", da Globo. As viagens com
shows continuavam.
"Em 1989 gravei o Ao Vivo pela Som Livre, o mais vendido até
hoje. Nesse disco, além de músicas conhecidas como Léo e Bia, Intuição e Condor,
gravei músicas de discos de peças; como O Chato e A Dama do Sucesso
(Menestréis), Sempre não é todo dia (Aldeia dos Ventos) e 2 até então inéditas:
Mistérios e Só, essa uma das minhas prediletas."
Em 90, é convidado para montar e dirigir uma oficina-montagem
de musical com artistas paulistas. Leva seu irmão, Deto, para ser seu assistente
e lá, através de testes, selecionam os artistas que participaram da oficina, que
resultou em seu primeiro estouro teatral em SP, o espetáculo
"Noturno". Foi nesse período que conheceu Tânia Maya, Marcelo
Palma, Estela Cassilate, Itamar Lembo, artistas que viriam a acompanhá-lo em
quase todas as montagens que fez naquela cidade. Do Rio, para esta oficina,
ainda contou com a presença de Marcelo Várzea e outros artistas. O estouro de
"Noturno" foi tamanho, que Oswaldo permaneceu por 3 anos em SP, onde montou
vários espetáculos. O primeiro foi uma 2ª versão de "Mayã, Uma Idéia de
Paz", desta vez tendo como protagonista a atriz Carolina Casting, ainda
uma desconhecida bailarina, recém chegada de Florianópolis. A narração do
espetáculo foi de Jofre Soares, que teve, então, uma de suas últimas atuações em
teatro.
Seguiram-se outras montagens, como "Crônica de Paixões
e Gargalhadas", a versão paulista de "A Dança dos
Signos", entre muitas outras. Mesmo nessa fase de intenso trabalho com
montagens, em SP, Oswaldo continua vindo ao Rio para gravar seus CDs de
carreira. Ainda em 90, lança, pela Som Livre, o LP "Oswaldo
Montenegro", cuja faixa "Travessuras", faz parte da trilha sonora da
novela Gente Fina, da TV Globo.
Nesse mesmo ano ainda, lança, pela Globo
Vídeo, o vídeo "Oswaldo Montenegro e banda", gravado na Sala Villa Lobos, do
Teatro Nacional de Brasília.
"O Álbum Branco, que também leva só meu nome,é outro disco que
eu gosto muito e que não vendeu nada. É o Asa de Luz da década de 90. Adoro, mas
não rolou. Nesse disco, além de novas composições, aparecem regravações;
inclusive Bandolins e Agonia. Pode parecer que foi imposição da gravadora, pois
essas músicas não saíram no Ao Vivo, mas não foi. No período em que estive na
Som Livre, eu tinha total liberdade, aí resolvi regravá-las. Bandolins porque eu
queria uma versão com a gaita do Milton Guedes, e Agonia porque eu não gosto da
primeira versão. A versão de 80 é extremamente performática dentro do contexto.
Foi composta por Mongol para um festival, o que me fez pensar que deveria
interpretá-la e gravá-la como se estivesse atuando em uma peça. Realmente achei
que deveria transmitir toda aquela angústia da letra, que deveria caricaturar a
agonia e exagerei. Então no Álbum Branco gravei de novo, do jeito que eu achei
que deveria ser, uma canção lenta e suave."
Em 91, lança o disco "Vida de Artista", pela
Som Livre.
Em 92, lança o disco "Mulungo", pela Som
Livre, com a participação de amigos seus, como José Alexandre, Vanessa Barum,
Tânia Maya, Eduardo Costa.
"Lancei em 1991, o Vida de Artista. Na época eu estava me
mudando para São Paulo. Foi um ano muito louco, pois o disco teve boa
receptividade e boa vendagem. Tivemos mais de 200 apresentações do show do
disco, e eu estava montando o espetáculo musical Noturno."
"Em 1992, Mulungo. Foi o primeiro disco em que cantam pessoas
de São Paulo, que eu conheci quando comecei a montar espetáculos nessa cidade.
Mulungo significa companheiro, por isso tem tantos amigos. Nesse ano, estávamos
montando Mayã e a Dança dos Signos e resolvi incluir canções das peças no disco.
Têm também uma versão de Lady Jane."
Em 93, Oswaldo começou a sentir necessidade de aprimorar sua
execução no violão.Convidou, então, seu amigo e companheiro de palco Sérgio
Chiavazzoli, para passar uma temporada em sua casa, em SP, para lhe dar aulas e
estudarem juntos. Sérgio aceita e, para tornarem mais interessantes as horas de
estudo, resolvem se centrar nas músicas de Chico Buarque. Desse período de
estudo, resultaram o show e o CD "Seu Francisco", com produção
e direção de Hermínio Bello de Carvalho. Nesse mesmo ano, Oswaldo volta a fixar
residência no Rio, embora continue sempre indo a SP, prestar apoio e orientação
a seu irmão Deto, que assumiu integralmente a oficina de montagens. As tournées
e os CDs continuam.
“Na época do Mulungo eu estava compondo muito para diversas
peças por todo o país e ninguém ficava sabendo Para as pessoas, eu tinha
“sumido”“. Vivi uma crise. Cheguei a me questionar como compositor. Foi aí que
resolvi parar tudo e fiquei 4 meses tocando violão com Sérgio Chiavazolli,
durante 8 horas por dia, enfurnado na minha casa em SP. Nessa fase de estudo
brincávamos de emendar temas instrumentais de Villa-Lobos, de Pixinguinha, à
músicas de Chico Buarque. Foi assim que nasceu o show Seu Francisco, que depois
resultou no disco ao vivo homônimo, produzido pelo diretor do show, Hermínio
Belo de Carvalho, lançado em 93 pela Polygram. É um disco que eu gosto muito e
que me trouxe uma idéia nova como intérprete: mais qualidade e menos explosão.
Seu Francisco traz uma atitude de "vou aprender com os mestres, vou tocar isso
direito". Tivemos uma ótima resposta do público com esse trabalho."
Em 94, Oswaldo lança seu primeiro livro - "O Vale
Encantado" - um livro infantil, no mesmo ano indicado pelo MEC, através
da Universidade de Brasília, para ser adotado nas escolas de 1º grau. Nesse
mesmo ano, realizou sua 1ª excursão fora do país, fazendo shows em Boston, New
Jersey, Monte Vernon, Conecticut e Miami.
Em 95, lança, pela Albatroz, o CD "Aos Filhos dos
Hippies", que conta com a participação de Carlos Vereza e Geraldo
Azevedo.
"Em 1995, gravei Aos Filhos dos Hippies, o disco menos hippie
da minha vida. Foi lançado pelo selo Albatroz. Tenho muito amor a esse disco,
que se tornou restrito àquele que a gente chama de público fiel. Um disco todo
com composições inéditas, algumas parcerias. Conta, na faixa Cine Atlântida com
a participação de Geraldo Azevedo."
Inovando sempre, no final de 96, realizou em Curitiba, BH, Juiz
de Fora e Brasília um espetáculo diferente: convidou 1 coral de cada uma dessas
cidades para participar de seu espetáculo.
Em 97, preso no Aeroporto Santos de Dumont, RJ, por falta de
teto, Oswaldo reencontra Roberto Menescal. Durante a conversa de horas dos dois,
surge o tema letras de músicas da MPB que são verdadeiros poemas. Daí vem à
idéia do CD "Letras Brasileiras". Menescal produz o CD, que é
lançado no mesmo ano, e participa da tournée do show. Ainda em 97 grava e lança
o vídeo "O Vale Encantado", que conta no elenco com a
participação de Zico, Roberto Menescal, Fafy Siqueira, Luísa Parente, Tânia Maya
e Madalena Salles. É lançado, também, o CD do mesmo nome. Lança, também, nesse
mesmo ano, o CD do espetáculo "Noturno", pela Tai Consultoria em Talentos
Humanos e Qualidade.
"Ainda em 95 me dediquei para realizar 3 projetos que foram
lançados em 97: Continuei o Vale Encantando, agora com CD e home-vídeo, este
último co-produzido pela Universidade Gama Filho e a Soft Cine-Vídeo; Noturno,
trilha do espetáculo, que veio junto com a remontagem do mesmo em outubro de 97;
e Letras Brasileiras, CD e show com composições de alguns dos grandes
compositores/poetas desse país, e dirigido por Roberto Menescal. O Letras
Brasileiras surgiu de um papo meu com o Menescal no aeroporto. Ele é todo focado
para a letra, um disco musicalmente simples, com voz, violão e um convidado por
faixa. Para esse projeto, compus apenas a música que dá nome ao disco: Letras
Brasileiras, em gratidão ao Menescal, onde falo da solidão dos poetas. O show é
uma varanda, muito papo e muita naturalidade. É aquilo de se reunir
informalmente com um amigo para tocar músicas de que se gosta. Pretendemos fazer
o Letras 2, pois está sendo muito legal, esse primeiro."
"Pela primeira vez na minha vida, consegui lidar com as 3 áreas
que eu gosto, ao mesmo tempo: cantar com alguém me dirigindo (Menescal), dirigir
com pessoas cantando (O Vale Encantado) e fazer uma montagem de peça junto com o
disco (Noturno), ou seja; cantar, compor e dirigir.
Em 1997 me senti parindo,
pela primeira vez, as coisas do jeito que eu queria."
Em 98 Oswaldo recebe o título de cidadão honorário de Brasília,
concedido pela Câmara Legislativa do DF. Nesse mesmo ano, Oswaldo volta às
montagens teatrais. Monta, então, com o elenco que até hoje considera o mais
fácil, divertido e agradável de se trabalhar, "Léo e Bia", numa versão mais
madura e coerente com a postura que ele tem, atualmente, daquela história. Grava
o CD homônimo, também com Menescal. Monta, ainda, com elenco de Brasília, a 2ª
versão de "A Aldeia dos Ventos".
"Em 1998, estreamos em SP a peça O Vale Encantado e uma 2ª
versão da peça até então encenada apenas no Rio em 84, Léo e Bia, que levamos
para várias cidades do Brasil . Na verdade, escrevi Léo e Bia de novo e com um
grupo de jovens atores, além de Madalena, me "internei" em Petrópolis durante o
verão para os ensaios. Nesse período senti que estava voltando definitivamente
para os musicais, já que fiquei em São Paulo durante alguns anos, apenas
montando e dirigindo os espetáculos, sem atuar, cantar ou narrar. Ainda em 98,
fiz algumas mudanças no roteiro de Aldeia dos Ventos e parti para Brasília, a
convite do Teatro Cenário, com Madalena e com os atores para ensaiarmos e
encenarmos essa nova montagem de Aldeia, só na capital federal. Foi muito
gratificante esse período, já que fiquei um bom tempo em Brasília, cidade que
gosto muito, e pela leveza que envolve esse musical. Aldeia é um musical que
passeia por todas as emoções, conforme a princesa vai passando pelos países (dos
Apressados, dos Tristes, dos Bufões, dos Vaidosos, etc.). Vem carregado de muita
suavidade, não agredindo nem quem assiste, nem quem atua. Nesse sentido é minha
peça mais bonita."
Em 99, apresenta 3 espetáculos, no Teatro de Arena, no Rio de
Janeiro: "Léo e Bia", "A Dança dos Signos" e o inédito
"A Lista", lançando, nessa temporada, os CDs dos 2 últimos.
"No começo de 1999, fomos convidados pelo Café Teatro Arena, no
Rio de Janeiro, para encenarmos um musical diferente por mês, até agosto. Um
grande desafio, já que não montávamos nada no Rio a muito tempo e não sabíamos
qual seria a reação do público depois de tantos anos. Escolhemos Léo e Bia, A
Dança dos Signos e o novo musical A Lista. Escrevi A Lista, seguindo a mesma
estrutura narrativa de sempre, ou seja, a narração constante através da idéia do
menestrel, do trovador, que fica do lado da encenação cantando e comentando a
história, porém no palco, mudei um pouco a linguagem habitual, usando cortes de
cena muito rápidos, chegando a imitar o cinema. É a história de 3 modelos que
vão para o Rio, uma vinda de Paris, outra de Londres e outra de Campinas, tentar
a carreira. Acabam se envolvendo basicamente com os outros 3 personagens, sendo
um traficante, sem que elas saibam."
"De todas as minhas peças, é a que mais tem aventura e até um
certo clima policial, sem ir muito fundo nisso. A essência do musical é "que não
existe volta", ou seja, você escolhe um caminho e depois que entra nele, não tem
mais volta."
"O que me motivou a permanecer no Rio por esse tempo foram
basicamente duas coisas: ficar mais perto do meu filho e estar na cidade onde
Madalena reside, e a alegria de poder montar vários musicais quase que
simultaneamente, podendo transformá-los em outros produtos (CDs, vídeos, livros,
etc.). A trilha do musical A Lista, quase toda inédita, foi lançada em CD e
pretendo escrever a adaptação do roteiro para o cinema."
No carnaval de 2000, o Grêmio Recreativo Escola de Samba
Mocidade Independente do Gama prestou-lhe uma expressiva homenagem, fazendo, de
sua vida artística, o enredo da escola. Nesse mesmo ano, comemora os 20 anos de
carreira com o show "Vinte Anos de Histórias" e com os CDs
"Letras Brasileiras ao Vivo" e "Escondido no Tempo". Dedica-se,
também, à série "Só Pra Colecionadores", de CDs independentes,
de tiragem limitadíssima, vendidos apenas via internet.
Em 2001 monta em SP a peça “A Lista”, cujo CD
se torna um cult, tendo sua música tema virado uma espécie de mania na Internet
e outros veículos.
Em 2002 lança o CD “Estrada Nova”, cuja turnê bate recorde de
público.
Em 2003 regrava a trilha de “A Aldeia dos Ventos” e começa sua
remontagem.
Em 2004 lança o CD “Letras Brasileiras 2”, em
parceria com Roberto Menescal, além do programa “Tipos”, no Canal Brasil, no
qual retrata com músicas, textos e desenho animado, tipos humanos como a
bailarina gorda, o chato, etc...
Em 2005 lança CD e DVD “Oswaldo Montenegro - 25 Anos de
História”, que alcançam, ambos, a marca das 100 mil cópias.
Em 2006 lança, no Canal Brasil, em parceira com Roberto
Menescal, o programa “Letras Brasileiras”, apresentado por
ambos.
Em setembro lança de 2006 o CD “A Partir de
Agora”, com músicas inéditas e as participações de Zé Ramalho e Alceu
Valença.
E por aí vai.
Já tem na cabeça novas idéias, com certeza...